Assim aprendemos a compreeder melhor os textos...

Author: Pires // Category:

História de Louis Braille
Louis Braille
(1809 – 1852)

Lembrei-me de vos apresentar um personagem que, apesar de cego, deixou à humanidade um legado precioso.
– Quem Sabidinho? – quis saber o Quico.
– Eu acho que foi Braille!
– E achas muito bem, Carlitos – confirmou o Sabidinho.
– Como é que ele ficou cego? – perguntou de novo o Quico.
– Vou contar-vos: O pai, Simon Braille, fazia selas e arreios para cavalos, era correeiro, mas de tal qualidade que as pessoas vinham de muito longe encomendar-lhe estes trabalhos. A sua modesta oficina em Coupvray, na França, era o lugar favorito do filho, Louis, que tinha na altura três anos de idade. Era o maior admirador da arte do pai. Um dia, disse-lhe:
“Papá, vou fazer uma sela…posso usar o seu furador?”
“Nem pensar, meu filho! Estas ferramentas são muito perigosas para as crianças. Promete-me que não vais tocar nelas!”
O Louis prometeu, mas não muito convencido. Não conseguia pensar em mais nada a não ser em fazer uma sela. Um dia em que estava sozinho, não resistiu à tentação. Subiu a uma cadeira e segurando o furador com as mãozinhas gorduchas, tentou furar o couro, mas não conseguiu. Quando se inclinou para fazer mais força, escorregou, caiu para a frente e aquela ferramenta pontiaguda feriu-lhe o olho. Ele gritava, tapando os olhos, enquanto o sangue jorrava. O pai levou-o imediatamente ao hospital, mas não se pôde fazer nada e o Louis ficou irremediavelmente cego.
– Que pena!
– É tão triste!
– Os miúdos às vezes são tão inconscientes!
Isto diziam os amiguinhos, consternados, depois de ouvirem este episódio da vida de Louis Braille.
- É verdade – confirmou o Sabidinho – que a escuridão e o desânimo trouxeram muita tristeza ao coração do Louis. Mas, passados os primeiros tempos, com o seu temperamento activo e optimista, ele conseguiu vencer a maior parte das dificuldades. Tinha tanta vontade de aprender que o professor da aldeia encontrou, naquele rapazinho invisual, um aluno atentíssimo.
– Como é possível? – duvidou o Quico.
– Vou ler os meus apontamentos para vocês perceberem melhor o que foi a vida deste jovem deficiente:
“Aos sete anos, o seu professor consegue interná-lo no Instituto de Cegos de Paris. Ele nunca mais abandonou esta instituição. Primeiro frequentou-a como aluno e aos dezoito anos tornou-se professor. Foi sempre o primeiro da classe, mas a cegueira era uma limitação para a sua enorme vontade de aprender. Pensava dia e noite nos cegos que, por não terem preparação, eram forçados a pedir esmola. Assim, começou um exaustivo trabalho que consistia em substituir, com vantagem, o alfabeto para cegos que já existia.”
Depois, o Sabidinho foi buscar um quadro e começou a explicar:
– Os caracteres Braille são feitos de muitos pontinhos em relevo, que os cegos lêem com as pontas dos dedos. Com seis pontinhos em várias posições consegue-se obter sessenta e três combinações. O Louis apresentou este código ainda antes de fazer quinze anos. É um sistema que serve não só para ler, mas também para escrever, o que veio a trazer muitas vantagens ao desenvolvimento cultural dos cegos.
Todos quiseram ver bem o quadro, experimentar com os dedos, fazer frases… O seu método foi publicado na Europa e na América, quando ele tinha apenas vinte anos. Depois o Sabidinho concluiu:
- Hoje, existem centenas de livros escritos em Braille, graças ao rapazinho que, da sua própria tragédia, soube tirar forças para minorar a solidão de tantos outros como ele. Este método facilitou a existência de manuais para as várias actividades, incluindo as artes musicais.
Louis Braille, além de professor, foi organista em várias igrejas. Não era muito robusto e aos 29 anos contraiu uma doença perigosa na época, a tuberculose. Faleceu em 1852, aos 43 anos. No fim da sua vida declarou:
“Choro de consolação… porque sei que a minha vida não foi inútil.”

Fonte: Amigos Célebres, Edições NOSSO AMIGUINHO (3)

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